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Racionalismo, tecnologia, direitos digitais

O mercado da informação

Posted at — Mar 31, 2015

O advento das novas tecnologias, também conhecidas por tecnologias da informação, criou novas oportunidades de negócio baseadas no tratamento da informação e conhecimento gerado e recolhido pelas actividades do Homem.

As pressões associadas a este tipo de negócios possuem um impacto directo na necessidade de preservar e privacidade individual de cada um de nós, bem como os mais simples direitos sobre os nossos dados e as nossas criações.

É fácil pensar em serviços como os que a Google ou Facebook providenciam e o que acontece às nossas fotografias e textos, e ao nosso historial de navegação online, mas também podemos pensar nos supermercados que mantém um histórico das nossas compras. Actualmente, é difícil encontrar um serviço que não beneficie de informação que recolhe sobre as nossas actividades. Mesmo os serviços pagos, que desafiam a máxima “Se não pagas pelo produto então Tu és o produto”, procuram recolher o máximo de informação possível sobre os seus clientes, de forma a aumentarem a sua competitividade e melhorarem a oferta dos seus produtos, e consequentemente as suas vendas.

Neste cenário, os legisladores e reguladores, em especial a União Europeia, perante óbvias violações da privacidade dos cidadãos que representam, têm tentado proteger, em vão, estes direitos, através da limitação da recolha  e ou tratamento da informação pessoal. Esta abordagem possui a meu ver vários grandes problemas: por um lado aumenta os custos da “indústria” e aumenta as barreiras à entrada de serviços competitivos, por outro a actividade legisladora é altamente ineficaz em face do rápido desenvolvimento e inovação que ocorre nos tecidos empresariais, dando uma falsa aparência de segurança ao seus cidadãos, falhando redondamente em educar os seus comportamentos.

Para mim só existe uma solução : dar o poder da informação aos indivíduos, ou seja, criar um quadro legislativo que diga claramente às empresas que se recolhem dados e informações dos seus clientes ou utilizadores, estes são os donos desses dados, e têm que permitir que esses dados possam ser facilmente utilizados em formatos abertos e facilmente tratáveis, para qualquer fim, por parte de cada utilizador (tal como elas os utilizam).

Deste modo, qualquer utilizador terá muito mais facilidade em aceder à sua informação e retirar dela conhecimento para efectuar melhores escolhas (olhando mais uma vez para o exemplo do supermercado). Melhores escolhas para as pessoas, mais concorrência para as empresas, mais transparência, novos negócios dedicados a ajudar as pessoas a tratar e gerir os seus dados. Deste modo, os cidadãos teriam presente o valor dos seus dados, das suas informações, da sua privacidade e segurança.