Muito se fala da “onda” da Nazaré mas poucas vezes se fala com alguma
correcção.
A “onda” da Nazaré não é só “uma onda” é um estado de mar, e também não
é um fenómeno deterministico, como por vezes se quer fazer parecer, e
muito menos é uma “freak” ou “rogue wave”. Estas últimos são fruto de
fenómenos completamente diferentes e ainda hoje de difícil explicação.
Desde que se fala nisto que ando para escrever uma explicação mais
cientifica para o fenómeno mas não consegui arranjar tempo para o fazer,
no entanto, os muito competentes marinheiros em terra do Instituto
Hidrográfico português tiveram tempo para
o fazer, é só seguir o link e pensar que
os nossos impostos afinal não são só gastos para coisas insignificantes.
Pontos importantes a reter:
- As alturas de onda em alto mar não são as mesmas perto da costa, é
como se a energia que uma onda “transporta” (na verdade a onda é
apenas o que nós vemos de um fenómeno de propagação energética) não
é capaz de ser sustentada pela coluna de água, logo à medida que a
profundidade diminui a onda tem tendência a aumentar. A isto
chama-se sobreelevação;
- Por outro lado à medida que a profundidade diminui também existe uma
perda de energia, por reflexão de fundo, por isso quanto mais brusca
a variação de profundidades, ou quanto maior a inclinação do fundo
maior a sobreelevação;
- A cristas das ondas alinham-se com a costa, ou melhor com o
desenvolvimento batimétrico, como consequência, nos cabos existem
convergências de energia e logo as alturas da ondulação têm
tendência subir. O contrário acontece com as enseadas ou baías. A
isto chama-se refracção;
- Na Nazaré existe uma conjugação de factores que produzem uma
sobreelevação da ondulação elevada quando esta se aproxima da costa,
mas também muito localizada.
Ondas de 30 metros parecem incríveis , não é ?! E marés de 14 metros
como há na Fundy bay ou no norte de França? Sabia que a maré também é um
tipo de onda?